A Kinross se beneficia hoje de uma jornada de turno de 12 horas que era impensável com a evolução dos direitos para a proteção e saúde no trabalho.
A Constituição Federal de 1988, construída com uma participação histórica de toda a sociedade brasileira e suas instâncias de representação, OAB, sindicatos, representações empresariais, além do Congresso Nacional Constituinte, em seu artigo 7º, inciso XIII, inclui, entre os direitos dos trabalhadores, a “duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”. Lembre-se que esta foi uma conquista de décadas de lutas, que prosseguiram posteriormente para tentarmos descer ao máximo de 40 horas semanais, sendo que no setor público pratica-se em larga escala jornadas de 36 horas semanais.
Esta condição foi agredida pelas mudanças realizadas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sobretudo na reforma trabalhista de 11 de novembro de 2017, no governo Temer, para prejudicar centenas de direitos trabalhistas, facilitando a terceirização, extensão de jornadas, até chegar ao cúmulo, com Bolsonaro, de atacar Normas Regulamentadoras (NRs), prejudicando exigência de condições para a proteção e saúde no trabalho.
Diante destas mudanças, os trabalhadores sinalizaram ao Sindicato a aceitação da implantação do turno de 12 horas, proposto pela Kinross. Apesar da jornada sacrificante, os trabalhadores enxergaram nela a oportunidade de períodos de folgas prolongados como contrapeso.
Mas isto não bastava. O Sindicato ouviu os trabalhadores e os chamou para decidirem sobre a implantação do turno de 12 horas proposto, mas sempre pontuamos para a empresa e conscientização dos trabalhadores que a longa jornada nos sujeita à fadiga e ao iminente risco de acidentes, sobretudo em uma atividade penosa, insalubre e periculosa como a mineração. Desta forma, sempre cobramos da empresa cuidados rigorosos para a saúde e de proteção, além de dotar as frentes de trabalho de condições humanizadas. Para isto, precisamos de boa alimentação, ambientes arejados, condições sanitárias adequadas, tudo que amenize o grande esforço físico e mental da atividade, sobretudo com metas cada vez mais apertadas de produção e busca sôfrega do lucro pela empresa.
Acreditamos que os gestores da Kinross mensurem o impacto do esforço dos trabalhadores e possam garantir o tempo justo para alimentarem e descansarem na hora destinada ao almoço e jantar, além do intervalo que serve não apenas para o lanche, mas de descanso, mesmo que em 15 minutos tão exíguos. Os containers são condições de humanização dos ambientes de trabalho, para se alimentar de forma digna, de usarem os sanitários e serem tratados com maior respeito e consideração.